Aprenda a evitar crises de asma e saiba como pode controlar a doença.
A asma afecta aproximadamente 150 milhões de pessoas em todo o mundo.
Em Portugal, estima-se que mais de 600 mil pessoas sofram desta doença. Anualmente ocorrem cerca de 350.000 internações por asma no Brasil.
O que é?
É uma doença inflamatória crónica das vias aéreas que, em indivíduos susceptíveis, origina episódios recorrentes de pieira, dispneia (dificuldade na respiração), aperto torácico e tosse, particularmente nocturna ou no início da manhã.
Estes sintomas estão geralmente associados a uma obstrução generalizada, mas variável, das vias aéreas, a qual é reversível espontaneamente ou através de tratamento.
Quem pode ser afectado?
A doença pode afectar qualquer pessoa, mas tem maior prevalência na população infantil e juvenil.
Quais são os sintomas?
Suspeita-se em presença de historial de um dos seguintes sinais ou sintomas: tosse com predomínio nocturno, pieira recorrente, dificuldade respiratória recorrente e aperto torácico recorrente. Eczema, rinite alérgica, história familiar ou doença atópica estão frequentemente associados à doença.
Uma observação torácica normal não exclui a hipótese de asma.
O que provoca ou pode agravar?
Os sintomas que podem ocorrer ou agravar-se em presença de:
- Exercício físico;
- Infecção viral;
- Animais com pêlo;
- Penas dos pássaros;
- Exposição prolongada aos ácaros do pó doméstico (existentes principalmente em colchões, almofadas e carpetes);
- Fumo, principalmente de tabaco e lenha;
- Pólen, sobretudo na Primavera;
- Alterações de temperatura do ar;
- Emoções fortes, principalmente quando desencadeiam o riso ou choro;
- Produtos químicos inaláveis;
- Fármacos, principalmente ácido acetilsalicílico e beta-bloqueantes.
Regressando ao tema:
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico tem por base:
- A história clínica - para determinar a presença de sintomas e as suas características, relacionados com exposições a factores de agressão;
- Exame específico - para determinar sinais de obstrução brônquica, embora um exame normal possa possibilitar o diagnóstico;
- Avaliação funcional respiratória - para comprovação de obstrução brônquica, da presença de hiperreactividade brônquica e de limitação variável do fluxo aéreo;
- Avaliação de atopia;
- Exclusão de situações que podem confundir-se com a asma.
É uma doença muito grave?
Pode ter vários graus de gravidade, consoante a frequência, a intensidade dos sintomas e a necessidade de utilizar medicamentos.
Grau 1: Asma intermitente
Os sintomas surgem menos de uma vez por semana ou o doente acorda com os sintomas duas ou menos vezes por mês, ficando assintomático nos períodos entre os sintomas.
Grau 2: Asma persistente ligeira
Os sintomas surgem uma ou mais vezes por semana, mas menos de uma vez por dia. O doente acorda com os sintomas durante a noite mais de duas vezes por mês.
Grau 3: Asma persistente moderada
Os sintomas são diários. O doente acorda com os sintomas durante a noite mais de uma vez por semana e necessita de utilizar diariamente agonistas ß2. As crises afectam a sua actividade diária habitual.
Grau 4: Asma persistente grave
Os sintomas são permanentes. O doente acorda frequentemente com os sintomas durante a noite e a sua actividade diária encontra-se limitada.
Como é possível identificar as crises e determinar a sua gravidade?
As crises podem ser ligeiras, moderadas, graves e com paragem respiratória iminente, consoante os sintomas.
Mas ter uma crise de significa, sobretudo, sentir dificuldade em respirar. As crises muito graves podem pôr a vida em risco, por isso devem-se tomar todas as medidas necessárias para as evitar e estar prevenido para as atacar o mais depressa possível.
Normalmente, as crises instalam-se lenta e progressivamente, pelo que, se a pessoa estiver atenta, tem tempo para usar a medicação (normalmente inalador) correspondente ao tratamento prescrito pelo médico e, assim, afastar o perigo.
Quando a crise persiste, dirija-se a um serviço de urgência.
Nas famílias com crianças asmáticas, a atenção e os cuidados devem ser redobrados.
Tipos de crise
Crise ligeira
- Apresenta dispneia à marcha (a andar);
- Tolera posição de decúbito (posição de quem está deitado);
- Apresenta um discurso quase normal;
- Está consciente;
- Apresenta-se normalmente calmo, podendo mostrar alguma ansiedade;
- Não apresenta habitualmente tiragem respiratória;
- A frequência respiratória está habitualmente normal, podendo estar ligeiramente elevada;
- A frequência cardíaca está habitualmente abaixo dos 100/min;
- Apresenta sibilos (ruídos feitos ao respirar que indicam obstrução parcial dos brônquios) moderados;
- Não apresenta pulso paradoxal.
Crise moderada
- Apresenta dispneia a falar;
- Adopta a posição de sentado;
- Fala com frases curtas;
- Está consciente mas ansioso;
- Apresenta tiragem respiratória;
- A frequência respiratória encontra-se elevada;
- A frequência cardíaca encontra-se entre 100 e 120/min;
- Apresenta sibilos evidentes;
- Pode apresentar pulso paradoxal.
Crise grave
- Apresenta dispneia em repouso;
- Encontra-se inclinado para a frente;
- Fala apenas através de palavras;
- Encontra-se ansioso ou até agitado;
- Apresenta tiragem respiratória;
- A frequência respiratória é superior a 30/min;
- A frequência cardíaca é superior a 120/min;
- Apresenta sibilos muito evidentes;
- Apresenta geralmente pulso paradoxal.
Crise com paragem respiratória iminente
- Apresenta-se sonolento ou em estado de confusão;
- Apresenta bradicardia (diminuição do número normal das contracções cardíacas);
- Apresenta silêncio respiratório;
- Não apresenta pulso paradoxal.
Quais são os sintomas de um doente asmático de alto risco?
Considera-se como sendo de alto risco o doente asmático que:
- Tem uma asma grave, de duração prolongada;
- Tem uma asma lábil (transitória), constatada pela grande variabilidade diária de sintomas e dos débitos respiratórios;
- Tem uma história clínica que revela que a sua asma não está controlada, referindo idas frequentes ao serviço de urgência, visitas médicas de urgência frequentes, hospitalizações no último ano, necessidade de ventilação mecânica e alta hospitalar recente.
Como é que se trata?
Os medicamentos têm de ser receitados pelo médico.
Há vários tipos de medicamentos: inaladores ou bombas e comprimidos ou xaropes. Só os médicos podem determinar que comprimidos, xaropes, inaladores ou aerossóis são adequados a cada caso, em que doses devem ser tomados e aplicados e qual a duração do tratamento.
Existem também vacinas, aplicáveis quando é determinado o agente que provoca a alergia, o que as torna uma possibilidade de tratamento eficaz.
Os doentes de alto risco têm acesso facilitado às consultas diferenciadas de Asma, com atendimento nas primeiras 24 horas após a sua identificação.
Não espere pela crise. Informe-se sobre o centro de saúde ou hospital mais próximo da sua área de residência que tenham este tipo de consultas.
Para saber mais sobre a asma, consulte:
- Direcção-Geral da Saúde (http://www.dgs.pt/)
- Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (http://www.spaic.pt/)
-Sociedade Portuguesa de Pneumologia(http://www.sppneumologia.pt/)
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